São históricos os entreveros entre judeus e palestinos (filisteus, como lhes chama a Bíblia) em torno da posse daquela terra. Por volta do ano 70 de nossa Era, os judeus foram expulsos da Palestina pelos romanos e se dispersaram por toda a Europa. Foi a chamada Diáspora. Os filisteus – ou palestinos – conseguiram permanecer em sua própria terra.
Os judeus, que vinham regressando à Palestina desde a virada do século XIX para o XX, em 1948 conseguiram que uma Resolução do Conselho de Segurança da ONU decidisse conceder a posse daquele território a judeus e palestinos de acordo com a maioria dos habitantes em cada parte. Influiu muito na decisão a perseguição que o povo judeu sofreu na Europa, e que agudizou-se sobremaneira sob o tacão nazista. Assim, O Estado de Israel seria composto pela região central do território palestino e o Estado Palestino seria composto por dois pontos: a Região anterior ao Rio Jordão, chamada de Cisjordânia pelos árabes e de Judéia pelos hebreus, e a região próxima ao Egito, chamada de Gaza pelos árabes e de Samaria pelos hebreus.
As Fronteiras de Israel segundo decisão da ONU
A decisão, satisfatória para os palestinos, embora lhes concedesse apenas 43% do território, ficando a Israel os restantes 57%, jamais foi respeitada pelo Estado de Israel, que nasceu precisamente daquela medida da ONU. Israel, em sua Primeira Guerra de Independência (1948 – 1949), ocupou todo o território da Palestina declarando-o seu. Durante a chamada “Guerra dos Seis Dias” uma coalizão de países árabes tentou reverter esta situação e foi rechaçado pelas Forças Armadas Israelenses que, com significativo apoio estadunidense, desde 1967 ocupa porções do território de 5 nações árabes de sua vizinhança: Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Palestina.
As Fronteiras de Israel após a Guerra de Independência
Como se explica que uma decisão do Conselho de Segurança da ONU venha sendo sistematicamente desrespeitado pelo Estado de Israel por mais de meio século?
Contam com o apoio incondicional dos Estados Unidos da América. A mais importante região do mundo em que residem judeus tradicionais muito ricos que, dizem alguns analistas, têm importância fundamental na eleição do presidente dos EUA e mesmo na concessão de prêmios como o Oscar é fator determinante.
A menos que a maior potência econômica e bélica do planeta concorde, o Conselho de Segurança da ONU dificilmente se mobiliza a fazer seja o que for. Sabedor disso, por sinal, Geogre W. Bush ordenou o massacre do Iraque apesar da decisão em contrário daquele Conselho.
Os palestinos se mobilizam como podem, buscam sobreviver em sua própria terra e paradoxalmente viveram momentos de maior segurança durante a Guerra Fria, pois contavam com o importante apoio da então União Soviética.
No mundo unidimensional do neoliberalismo globalizado que vivemos, os palestinos praticamente não têm mais voz nem vez. Desesperados apelam para formas violentas de atuação, notadamente o terrorismo suicida de alguns jovens a quem o paraíso é prometido se mortos numa “Guerra Santa”.
Ainda no auge da Guerra Fria os palestinos dispunham de maior simpatia e audiência ao redor do mundo e puderam, assim, contar sua própria história. Recordo-me de um encontro clandestino que tivemos com líderes palestinos no Rio de Janeiro em fins da década de 70 (vivíamos na ditadura militar, que apoiava Israel e se contrapunha aos palestinos) e eles expressavam seu terror informando das infâmias a que estão submetidos em sua própria terra pelo Estado de Israel que, deploravelmente, repete com eles quase que ipsis literis o tratamento que a Alemanha Nazista lhes dispensava aos na Europa.
Os fundamentalistas hebreus, segundo os palestinos, desejam a criação do “Grande Israel”, um Estado que se assentaria em todo o território existente desde o rio Nilo até os rios Tigre e Eufrates – região onde ficam hoje os Estados Nacionais do Egito, Síria, Líbano, Jordânia e Iraque. Todos eles hoje contam com pontas de lança e alguma forma de ocupação por tropas de Israel.
Entre avanços e recuos nos diálogos voltados à paz na região, o avanço em 1994 foi tanto que, naquele ano, Shimon Peres, Yasser Arafat e Itzak Rabin receberam simultaneamente o Prêmio Nobel da Paz.
Com os recuos na direção de um reforço aos fundamentalismos (judaico, evangélico, muçulmano e principalmente o “de mercado”) a região vem se mantendo em estado de permanente conflagração há anos. De “incendiário” na juventude a apaziguador na Terceira Idade, Yasser Arafat fará uma falta enorme nos diálogos de paz e mesmo o Estado de Israel estima uma escalada da violência na região com a sua ausência.
Autor:Lázaro Curvêlo Chaves – 11 de novembro de 2004
Fuente: Libertad-digital. Brazil
Muito legal
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A história dos dominadores prepotentes á antiga. No lago Titicaca, os índios Uros vivem no meio do lago abatendo a totora e aí constróem suas casas.
A história dos palestinos é resultado da prepotência das potências ocidentais a favor dos judeus, financistas e donos de grandes capitais. As potências os colocaram aí como um enclave para dominar as reservas de petróleo… e realizam ali, dia a dia uma “limpeza étnica”… E onde estão seus irmãos árabes que não os defendem
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